quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O poder do flanco esquerdo

O bom desempenho do Benfica em 2009/10 ficou a dever-se, em grande parte, às ações de Angel di María e Fábio Coentrão – o argentino e o português foram os melhores assistentes do campeonato, com 11 e 7 passes para golo, respetivamente. O sul-americano transferiu-se para o Real Madrid, Nicolás Gaitán rendeu-o e, nesta fase da época, a esquerda continua a reivindicar o poder na estratégia. Essa influência avalia-se, por exemplo, no número de cruzamentos.

Na estratégia de Jorge Jesus, que privilegia a utilização de um ponta-de-lança, as alas assumem papel relevante. Nesse capítulo, os canhotos não têm deixado os créditos por mãos alheias. De acordo com as estatísticas da Liga, o 18 surge destacado dos companheiros, com 17 centros. Já o sucessor de Di María conta 12, menos quatro do que Aimar. A propósito, o Benfica está, a par do Olhanense, na 2.ª posição das equipas com mais centros (98), atrás de Rio Ave (101).

Os números não mentem. Três dos cinco golos obtidos pelos campeões nacionais foram construídos pelos dois esquerdinos: frente à Académica, Coentrão serviu Jara; na receção ao V. Setúbal, Gaitán assistiu Cardozo e fez o centro que haveria de terminar com o remate de Aimar.

Pedro Henriques, antigo lateral-esquerdo do Benfica e hoje comentador, frisa que o atual camisola 20 “é um jogador diferente” do antecessor. “O Di María era um jogador muito rápido. Coletivamente, quando o Benfica sentia dificuldades, era ele quem desequilibrava. Isso notou-se mais na fase final da época”, lembra, sustentando que “ter apenas Gaitán não é suficiente” para uma época exigente.

Para Pedro Henriques e Álvaro Magalhães, outro antigo lateral-esquerdo dos encarnados e hoje treinador do Inter, de Luanda, a dinâmica desta ala deve-se ao bom momento de Coentrão e à facilidade com que se adaptou ao lugar de lateral . “Aprendeu bem os movimentos defensivos. Destaco o vaivém dele. Sobe, mas sabe quando tem de voltar atrás. Dificilmente lhe ganham as costas”, sublinha Pedro Henriques.

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