sábado, 7 de agosto de 2010

Um cocktail de emoções



A 32.ª edição da Supertaça marca a estreia oficial de André Villas-Boas à frente do FC Porto e, ao mesmo tempo, coloca a Jorge Jesus a possibilidade de acrescentar este troféu às conquistas de 2009/10 (Campeonato Nacional e Taça da Liga). Para o técnico dos dragões, de apenas 32 anos, a vitória no jogo desta noite representaria o primeiro triunfo a solo numa carreira que ainda não leva mais de nove meses. Já em relação ao treinador do Benfica, de 56 anos, duas décadas na profissão também não valeram mais do que três títulos e todos eles bastante recentes (um ao serviço do Sp. Braga e dois na Luz). Mais do que um clássico para dar continuidade à rivalidade histórica entre dragões e águias, demasiada crispada em especial na última temporada, a Supertaça será inevitavelmente marcada pelo confronto geracional entre os dois bancos. De um lado, a experiência, ousadia e vincada liderança de Jorge Jesus, o homem que está a devolver os tempos de glória ao Benfica. Do outro, o treinador mais novo do futebol português, que projeta um estado de afirmação a partir de uma linha mais científica, em total contraponto com o percurso do seu antagonista.

Jesus e Villas-Boas defrontaram-se apenas duas vezes. Aconteceu na última época e o treinador do Benfica triunfou em ambas as ocasiões. A 6 de dezembro de 2009, na Luz, os encarnados venceram a Académica, de AVB, por 4-0. Cinco meses depois, em Coimbra, as águias voltaram a ganhar, mas aí pela margem mínima (3-2). Na noite da goleada, Jesus e Villas-Boas tiveram diferentes interpretações sobre o resultado. O actual técnico dos dragões disse, então: “Prefiro vir aqui jogar do que plantar um autocarro. Além disso, na minha opinião não fomos goleados.” Pouco depois, confrontado com essas declarações, o treinador das águias deixou a resposta: “Cada colega tem a sua opinião. Se ele acha que perder por 4-0 não é uma goleada, respeito.” Na segunda volta, na véspera do Académica-Benfica (18 de abril), Villas-Boas fez um rasgado elogio ao poderio dos encarnados e, em especial, a... Jesus: “Sou um fã absoluto daquele futebol, agradável de ver, com um número inacreditável de golos. Muitos dos jogadores que já lá estavam no ano passado estão melhor e nisso há um trabalho inteligente do Jorge Jesus.” Resta saber se, tratando-se agora de um clássico, treinadores de águias e dragões serão capazes de manter este nível de fair play. Seria um bom início.

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