sábado, 26 de fevereiro de 2011

Quem vai parar o Benfica?

Se dúvidas existissem, as recentes exibições encarnadas – nomeadamente as realizadas no Dragão, em Alvalade e Estugarda – confirmaram aquilo que, nas semanas anteriores, já parecia evidente: o Benfica é a equipa que está a praticar o melhor futebol em Portugal. De um dia para o outro, quando a conjuntura nem era particularmente favorável, as águias acertaram o passo. Elevaram a fasquia do seu jogo, resolveram os problemas derivados dos deslizes defensivos e aumentaram a eficácia ofensiva. Basicamente... desataram a ganhar! E estão a consegui-lo, na maioria das vezes, adicionando qualidade suficiente para entusiasmar os mais exigentes.

Há mesmo quem, entre as hostes benfiquistas, faça questão de discutir se a equipa actual é mais forte que a da temporada passada. Trata-se de um exercício de análise complexo (como são todos os do género, porque é objectivamente impossível fazê-lo com total rigor), mas ao mesmo tempo interessante. Pessoalmente, confesso, não dediquei muito tempo ao assunto, mas do que li e ouvi nos últimos dias, creio que a constatação mais pertinente, mesmo sendo algo redutora, pertence a Jorge Jesus. Com um sorriso nos lábios, durante uma conferência de imprensa, o treinador mostrou-se tentado a dizer que a versão 2011/12 está mais forte, mas realçou que, a anterior, ganhou o Campeonato e a Taça da Liga e que, a do presente, ainda não venceu nada.

O Benfica está, de facto, a jogar muito bem. E perante isso, e tendo em conta a forma indiscutível como superou os principais rivais nos últimos dias, apetece perguntar quem, internamente, será capaz de o parar? Contudo, aquilo que é de momento um trajecto de nível (com vários recordes pelo meio), corre sérios riscos de ficar ofuscado pelo segundo lugar ocupado na Liga. E essa posição subalterna não é sequer um problema momentâneo. O Benfica, por melhor que jogue, mesmo que derrote em casa o FC Porto e acreditando até que vai vencer todos os jogos até ao final da prova (algo que me parece verdadeiramente improvável, pois não é normal, em lado nenhum, ver uma equipa triunfar em 20 jogos seguidos no respectivo campeonato), pode não conseguir sair do segundo posto. Aliás, esse será o desfecho mais normal, face ao significativo avanço que o conjunto de André Villas-Boas ostenta, reforçado com a mais que provável vantagem no confronto directo.

O FC Porto, é verdade, já esteve mais forte. Hulk parece ter perdido muito dos seus poderes e Falcão, por causa das mazelas, esteve muito tempo de fora. Contudo, em bom tempo, soube amealhar. E como é que o fez? Por competência própria e por culpa alheia. As águias somaram apenas 3 pontos nas quatro primeiras jornadas da Liga. Quando o Campeonato ainda estava a começar já tinham 9 pontos de atraso. Não fora essa entrada em falso (os erros arbitrais não podem ser desculpa para tudo) e o Benfica, nesta altura, mesmo que estivesse a 3-4 pontos de distância, talvez fosse o principal candidato ao título. Assim... não é! E o facto de, indiscutivelmente, exibir o melhor futebol nas últimas semanas não resolve o problema.

Não conseguindo ser campeão, o Benfica está obrigado a conquistar a Taça de Portugal e a Taça da Liga. E surge bem posicionado para o alcançar. Nestas competições só depende de si e, numa primeira fase, dos desempenhos em casa para carimbar a presença nas duas finais. Se o fizer, e sem desprimor algum para os adversários, sabe que será favorito, pois pela frente não terá FC Porto nem Sporting. Resta ainda a Europa. Tenho dúvidas que a equipa consiga aguentar tanta sequência de jogos sem pagar o preço de uma opção que não contempla muita rotação. Ainda assim, para já, vejo o Benfica muito capaz de eliminar os franceses do PSG. São os gauleses um conjunto fraco? Não! Mas, nem por sombras se aproximam do poder que as águias têm revelado nos últimos meses.

(...)



Escrito por Luis Avelãs


Fonte: Blogs Record

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