sábado, 6 de novembro de 2010

Fábio Coentrão: o «Lippi» de Londres que almoçava com Villas-Boas

Não se pode falar de um grande reencontro, mas, ainda assim, Fábio Coentrão não é conhecido de André Villas-Boas apenas pelo que fez de águia ao peito. O lateral encarnado cumpriu um mês à experiência no Chelsea, na temporada 2006/07, quando era jogador do Rio Ave. O técnico dos londrinos era José Mourinho. Villas-Boas era adjunto, com a missão de observar adversários.

A experiência haveria de não ser um sucesso. Coentrão regressou a casa e viria, mais tarde, a assinar pelo Benfica. Villas-Boas demorou mais tempo a evidenciar-se como técnico, explodindo este ano no banco dos dragões. Por ventura, pouco recordarão do tempo em que, nas palavras de Baltemar Brito, outro dos adjuntos de Mourinho, «partilhavam a sala de refeições». O Maisfutebol, em semana de clássico, quis saber se houve troca de confidências em Londres.

«O Villas-Boas estava sempre no gabinete a trabalhar. Raramente saía, estava sempre de volta dos vídeos. Só quando tinha um minuto aparecia no relvado. Por isso, é provável que só tenha estado com o Fábio Coentrão na sala de refeições, ao pequeno-almoço ou ao almoço», explica Baltemar Brito, ao nosso jornal.

O trabalho não foi o único motivo que afastou as duas partes. O contacto era escasso por opção da equipa técnica liderada por Mourinho. «Seria deselegante andar com ele, por causa de ser português. Assim, era tratado como os outros. No tempo que esteve em Londres, andava sempre com um funcionário do Jorge Mendes, que o ia buscar ao hotel e aos treinos e lhe fazia companhia», explica o treinador.

«Só no último treino mostrou alguma coisa»

A juventude era outra característica comum. Fábio Coentrão tinha 18 anos e um mundo para descobrir. Villas-Boas queimava os 30 já em busca de bases para a carreira que queria construir. Baltemar Brito considera que a juventude do jogador do Benfica lhe dificultou muito a experiência.

«Era um garoto. É muito difícil para um miúdo sair das Caxinas e ir para Londres, chegar lá e desbobinar tudo o que sabe ao lado daquelas feras. Fez quatro ou cinco treinos com a equipa principal, mas esteve muito envergonhado. Só no último treino mostrou alguma coisa», afirmou.

Frisando que o Coentrão de hoje, «não tem nada a ver com aquele que se treinou no Chelsea», Baltemar Brito aproveita para contar um episódio curioso, que mostra que a passagem do esquerdino por Londres não foi assim tão embaciada.

«O pessoal colocou-lhe a alcunha de Marcello Lippi, por causa do cabelo loiro, mas não só. Há uma certa parecença no rosto. Ele não falava inglês e teve algumas dificuldades a perceber. Quando descobriu porque lhe chamavam Lippi começou a ficar mais à vontade e foi aí que ficou mais em evidência nos treinos», explicou Baltemar Brito.

Sem comentários:

Enviar um comentário