Fábio Coentrão no meio-campo: uma opção contra-natura

Jorge Jesus regressou a um passado longínquo e adiantou Fábio Coentrão no terreno. A aposta saiu-lhe mal. O Benfica não conseguiu ter um médio/extremo desequilibrador e deixou de ter um lateral esquerdo de qualidade. Coentrão é mais vítima do que réu; Jesus é mais culpado do que inocente.

A limitação física de Nico Gaitán não explica tudo.

Os últimos meses geraram o melhor lateral esquerdo português, quiçá um dos melhores de sempre, e Jesus desaproveitou-o na primeira batalha da época. César Peixoto, está visto, não tem nem a mesma agressividade, nem a velocidade, nem a concentração competitiva do rapaz das Caxinas. E nunca terá, não lhe está nos genes.

Ora, com esta medida, Jesus manietou o flanco esquerdo da equipa: não defendeu bem e atacou mal. Tudo teria sido mais simples, que não infalível, se Fábio Coentrão tivesse continuado na posição que melhor ocupa e César Peixoto, eventualmente, preenchesse o lado esquerdo do losango intermediário.

Perante tal supremacia do F.C. Porto, é óbvio que esta medida de Jesus não explica tudo. Mas, pelo menos, é um bom começo de conversa. Fábio Coentrão fez da lateral esquerda o seu habitat natural e, mesmo em declarações públicas, já o reconheceu.

Se a Supertaça serviu para alguma coisa ao Benfica, foi para confirmar inequivocamente que Fábio Coentrão é lateral e não extremo.

Sem os 30 metros de embalo que a posição mais recuada lhe confere, Coentrão não teve profundidade e a águia jamais voou sobre a esquerda.

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