sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O grande desafio de Jesus

Quem não consegue entender o insucesso dificilmente estará preparado para conviver com a vitória, e o Benfica, mais do que os reforços anunciados em catadupa pela imprensa, precisa de tranquilidade para descobrir o porquê das suas recentes maleitas. Porque o sucesso poucas vezes é uma via de sentido único e, ao invés, possui uma enorme e estranha capacidade de esconder as imperfeições e os vícios. É esse o actual desafio de Jorge Jesus: provar que também sabe lidar com a síndroma do sucesso.

A minicrise benfiquista tem sido principalmente relacionada com as transferências de Di María e Ramires e com a ausência de substitutos à altura. O Benfica joga sem asas - foi o diagnóstico quase generalizado, como se o voo esplêndido que o clube da águia realizou na época passada tivesse dependido exclusivamente dos seus médios-alas.

É verdade que o primeiro dava verticalidade, fantasia e ajudava a resolver os problemas com iniciativas individuais quando mais nada parecia resultar. Por isso é que foi eleito o melhor jogador do último campeonato. É também sabido que o brasileiro garantia uma rara intensidade e disponibilidade física. Mas também é verdade que o Benfica fez bons jogos e somou vitórias em jogos em que não contou com eles, não podendo as suas ausências servir para justificar a insípida exibição frente ao FC Porto e, menos ainda, a última e escandalosa derrota na Luz.

Perto do final da época passada, soube-se que o Benfica contratara Nicólas Gaitán por 8,4 milhões, antecipando assim a saída de Di María. Isso foi confirmado por Jorge Jesus, quando assumiu ser ele o sucessor do reforço do Real Madrid. O que se lê e ouve agora? Que o Benfica volta a procurar um substituto de Di María, sucedendo-se as manchetes em torno dos negócios quase feitos e depois falhados. A última versão é que talvez seja melhor comprar um defesa-esquerdo (Traoré, do Arsenal) e fazer subir no campo Fábio Coentrão, como se isso não ameaçasse deitar ao lixo todo o trabalho que, ao fim de muitos anos, permitiu que Portugal voltasse a ter um lateral-esquerdo de dimensão internacional.

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