sexta-feira, 20 de maio de 2011

O circo das bandeiras

Assim de cabeça, era capaz de jurar que no melhor onze do Benfica esta temporada apenas teria lugar um jogador português: Fábio Coentrão. No caso do FC Porto, em Dublin, atuaram Rolando, João Moutinho e Varela como elementos capacitados a representar a Seleção Nacional. O Sp. Braga, por sua vez, fez alinhar na final Miguel Garcia, Sílvio, Custódio e Hugo Viana, elevando para 4 o volume de portugueses que normalmente ficaria reduzido a um trio. Ou seja, se olharmos para as 3 equipas lusitanas que atingiram as meias-finais da Liga Europa, não é preciso usar os dedos para vermos que, dos 33 titulares, apenas poderemos contar, na melhor das hipóteses, com 8 portugueses. Dá 24,2%.
Como muitos observadores devem andado entretidos com viagens “low cost” a outro planeta qualquer do sistema solar e não têm ideia do que vem sucedendo em Portugal há várias temporadas, desde a formação aos seniores, foi preciso os jogadores portistas comemorarem o triunfo na Liga Europa com as bandeiras às costas para algumas virgens tocarem os sinos a rebate. Ao ponto de haver quem não visse necessidade de estragar uma boa estória contando a verdade sobre o facto de Beto ter exibido com orgulho as cores nacionais. Já para nem qualificar o desplante das críticas a Rolando por ter envergado a bandeira de Cabo Verde sendo um selecionável, tecidas pelos mesmos que daqui a pouco tempo, na Luz, vão ovacionar Pepe contra a Noruega...
O problema é sério e exige um debate ponderado. Todavia, no futebol português, é irresistível a atracão pelo folclore em detrimento da essência das questões. Resta uma alteração-relâmpago ao regulamento de competições que obrigue os jogadores a entrarem em campo usando pelas costas as bandeiras dos seus países de origem. Assim, em vez de procurarem um cisco no olho do vizinho, talvez houvesse quem ganhasse consciência das pedras que lhe podem aparecer pelo caminho. Agora, no futuro, ou quando assinarem a SportTV de Chipre. Todavia, bem espremido o caso, ficamos apenas com algumas gotas de hipocrisia. É que, se com 75,8% de estrangeiros entre os 33 titulares, FC Porto, Sp. Braga e Benfica foram tão longe na Europa, ainda estou para ver quem seja capaz de sustentar que a receita não é eficaz.
Fonte: Record

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